Check-In com Malu Valle

Uma carreira marcada por belas personagens, mulheres frágeis, fortes, engraçadas, de fé. Assim Malu Valle comemora quase três décadas de uma trajetória bem sucedida no teatro, no cinema e na TV.
Hoje, celebra o sucesso mais uma vez na reapresentação de ‘Senhora do Destino’, no papel da Shirley e, em breve, estará nas telonas de todo o Brasil em ‘Avental Rosa’, longa do diretor Jayme Monjardim.
A gaúcha de Porto Alegre conversou com o portal TV a Bordo sobre as figuras vividas nos palcos brasileiros, nos entrechos da sétima arte e, é claro, sobre voltar a encenar um texto escrito por Alcides Nogueira, autor da trama das seis da Globo, ‘Tempo de Amar’.
Senhoras e senhoras, Malu Valle.

Rodrigo Ferraz: Mais uma vez “Senhora do Destino” é reprisada, e, de novo, bombando em audiência! Dá para dizer que a Shirley foi um dos seus momentos mais marcantes na TV?
Malu Valle: “Senhora do Destino” marcava pico de 63 pontos no Ibope. Nosso núcleo chegava antes do horário marcado pela produção para estudarmos as cenas antes dos ensaios e gravações, de tanto que amávamos fazer a novela. A Shirley era a amiga da Nazaré, e eu e a Renata Sorrah somos muito amigas, o que dava um sabor especial ao trabalho. Creio que a Shirley tenha sido meu personagem de maior repercussão.
Rodrigo Ferraz: Percebo que você tem uma relação afetiva e profissional bastante intensa com o Paulo Gustavo, conte para nós alguns momentos marcantes da relação de vocês?
Malu Valle: Minha primeira direção profissional aconteceu por uma grande insistência do Paulo Gustavo, depois que ele me viu em “Nada de Pânico”, em 2003. Ele estava na CAL (Casa de Artes de Laranjeiras) e queria que eu conhecesse um colega que escrevia textos, um desses textos eles queriam encenar, era o Fabio Porchat. Fizemos o espetáculo “Infraturas”, em 2005. E a partir daí nasceu uma grande amizade entre nós.

Rodrigo Ferraz: Vamos falar de Alcides Nogueira. Um dos seus trabalhos mais marcantes foi a peça “Ventania”, de Alcides Nogueira, e agora você volta a encenar um texto dele em “Tempo de Amar”. Dá um gostinho especial?
Malu Valle: Voltar a dizer um texto do Alcides, sem dúvida, tem um gosto especial. “Ventania” está entre os dois espetáculos que mais amei fazer na minha carreira!
Rodrigo Ferraz: Poxa que legal! Então, nos conte quais são esses dois espetáculos favoritos?
Malu Valle: Eu diria que sou uma atriz de sorte porque meu primeiro diretor já foi o mestre Amir Haddad, que ganhou o prêmio Shell de direção com a nossa montagem de formatura da CAL (Casa de Artes de Laranjeiras): “Se correr o Bicho pega, se ficar o bicho come”, texto do Vianinha. Ainda fazendo esse espetáculo, o Aderbal (Freire Filho) me convida para participar do seu primeiro romance-em-cena: “A Mulher Carioca aos 22 anos”, processo de ensaios que durou um ano e meio antes de estrear, e que considero uma pós- graduação. O espetáculo tinha quase cinco horas de duração, divididos em quatro atos. Era dificílimo de fazer, exigia uma vida praticamente exclusiva em função do espetáculo. Tudo era feito por nós, luz, contrarregragem, a música… e não tínhamos sequer uma camareira. Me definiu muito como atriz. A outra peça que amo você já citou: “Ventania”, encontro com Tide (Alcides Nogueira), com Gabriel (Vilela, diretor do espetáculo) e exigia uma grande exposição, era um realismo fantástico deslumbrante, cenas de sexo, contatos muito íntimos com os colegas, uma poesia cênica encantadora. Diria que “A Mulher Carioca” era mais apolínea e “Ventania” mais dionisíaca. São as minhas peças mais marcantes, e veja que destaco as dentro de um currículo do qual me orgulho muito!

Rodrigo Ferraz: Voltando a falar do Alcides Nogueira e de “Tempo de Amar”, o que podemos esperar da Irmã Margarida?
Malu Valle: Que gostem do meu trabalho, porque da irmã Margarida creio que ninguém irá gostar. O papel dela na trama não é dos mais nobres.
Warlen Pontes: O que mais a instiga na irmã Margarida?
Malu Valle: Fazer uma personagem tão seca de afeto. Ter uma “frieza em paz”, como nos foi orientado pelo Jayme Monjardim, o diretor artístico.
Warlen Pontes: Alguma identificação com a Margarida, semelhanças, diferenças…?
Malu Valle: Nenhuma identificação.

Meu reencontro com Walcyr Carrasco e Flavio Migliaccio.
Feliz por ter sido convidada pelo Dennis Carvalho, também um reencontro
Meu primeiro trabalho com Paulo de Moraes, primeira produção do meu amigo Malvino Salvador de quem fiz a mãe: Loraine, uma personagem incrível de Sam Shepard.
O primeiro filme de Silvio Guindane eu também fiz: “Como nascem os anjos”, em 1995. Em 2012 reencontrar o Silvio nesse lindo e importante texto, foi uma emoção e uma diversão. Silvio me chama de dinda e eu tenho muito orgulho disso!
Foi uma experiência interessante começar a ensaiar uma peça que estava sendo
Me sinto ligada para sempre à Irmã Dulce depois das filmagens do longa.

Warlen Pontes: Falando em cinema, você comentou na coletiva de imprensa sobre o novo filme do Jayme Monjardim. Fala dessa produção para a gente, por favor. Qual é o roteiro, a história, onde foi gravado, a sua personagem, como se preparou, enfim, conte-me tudo e não me escondas nada (risos)…
