Juliane Araújo faz CHECK-IN no TV a Bordo

por Warlen Pontes
Uma taxi girl dos anos 1940 de respeito! A atriz Juliane Araújo entrou no meio da trama de Walcyr Carrasco, ‘Êta Mundo Bom!‘, em cartaz no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, para bagunçar o coreto da vida de muita gente como a espevitada Sarita, e conseguiu.
A carioca ganhou destaque na novela com talento e carisma de sobra, e reconquistou os telespectadores com seu jeito irreverente (e bastante sincero) acerca dos costumes das mulheres.
Em entrevista ao portal TV a Bordo, Juliane revela qual foi a pior cena que gravou na vida, destaca a parceria com o saudoso Flávio Migliaccio (Seu Josias) e, também, como a poesia a ajudou em meio à pandemia.
Senhoras e senhores, Juliane Araújo.
TV a Bordo – Juliane, como recebeu a notícia da volta de ‘Êta Mundo Bom’?
entrevista Juliane Araújo – Eu fiquei animada em poder rever. “Êta” é uma novela muito divertida, tenho muitas boas lembranças.
TV a Bordo – O que mais as pessoas comentam com você sobre a novela nas redes sociais? O que mais a encantam?
entrevista Juliane Araújo – “Êta Mundo bom!” fez muito sucesso em 2016 e está fazendo sucesso mais uma vez. A novela tem um olhar inocente, cômico e otimista para as relações humanas e para as dificuldades, nada mais brasileiro. Temos a capacidade do riso, não quero romantizar a força que temos para enfrentar tantos pesares, mas o povo brasileiro é sim muito valente. As pessoas se sentem representadas pela frase de CANDINHO “Tudo que acontece de ruim na vida da gente é pra melhorar”.
TV a Bordo – A voluptuosa taxi girl Sarita entra no meio da trama, carrega um segredo, bagunça a vida do Romeu (Kleber Toledo) e acaba no melhor estilo (melhor não darmos spoiler porque tem uma galera acompanhando no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, que não viu ainda (risos)). Como é entrar no meio de um sucesso estrondoso como foi ‘Êta Mundo Bom!’ e que se repete agora (mais à frente a gente fala sobre o hoje)? De quem maneira isso impactou a sua vida? E qual é a importância da Sarita em sua carreira?
entrevista Juliane Araújo – Foi um barato! “Êta” foi minha terceira novela de época, trabalhar em uma obra assim tem um peso diferente, é divertido o estudo. A preparação para a personagem foi intensa com aulas de dança, estudos sobre a época e o universo das pin-ups. Ser uma mulher na década de 1940 como Sarita é muita coragem. Aprendi muito com a força dela, por mais que ela tenha alguns comportamentos duvidosos, segundo os meus julgamentos, ela era um exemplo de obstinação. A relação com o corpo, com a liberdade, coisas tão oprimidas para mulheres e ela conseguia transgredir com humor e abuso (risos).
TV a Bordo – Como eu havia falado, o sucesso incrível de ‘Êta Mundo Bom!’ se repete agora no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, com novos recordes de audiência. Em sua opinião, qual é o segredo do êxito do folhetim de Walcyr Carrasco?
entrevista Juliane Araújo – Walcyr é um gênio! Depois de “Êta” fiz “O outro lado do paraíso”, que também foi um sucesso. Ele fala sobre gente, constrói personagens duais, múltiplos e humanos, isso aproxima o público. Além de nunca ficar preso a nada, ele é livre na sua arte e tem a capacidade enorme de mudar o rumo das histórias para lugares inimagináveis, então, suas novelas sempre são surpreendentes e os capítulos têm uma linguagem parecida com a das séries, onde cada fim de capítulo te move para querer assistir ao próximo.

TV a Bordo – A Sarita tem ótimas cenas, se você fosse montar um top 3 das suas cenas, como seria?
entrevista Juliane Araújo – Com toda certeza a que ela cai no chiqueiro (foto acima) foi a melhor de todas. Foi dirigida pelo diretor geral Zambelli. Zamba me deixou fazer a cena sem dublê e foi um barato cair na lama. A segunda a que ela agarra Romeu (Klebber Toledo) no Rio (foto abaixo). Essa foi a pior cena que gravei na vida! Filmamos em Teresópolis em um frio terrível. Eu não conseguia dar minhas falas e quando saíamos da água vinha a equipe toda nos abraçar (risos). E a terceira é a que ela dá dicas para Mafalda sobre o cegonho, o cegonho virou um personagem importantíssimo na trama (risos).

TV a Bordo – Vamos falar do núcleo da Fazenda D Pedro II? Sarita sai da cidade grande e vai viver no “meio dos mato” e, lá, você encontra e contracena com monstros sagrados da dramaturgia brasileira, Ary Fontoura, Elizabeth Savalla, Flávio Migliaccio e Rosi Campos, entre outros, a diversão ali era garantida e o público se divertia também. Por essa linha, acredito que deve ter proporcionado momentos hilários de bastidores. Pode contar algum deles?
entrevista Juliane Araújo – Flávio virou um grande amigo, era um grande parceiro de cena, como tivemos a perda desse grande cara esse ano, quero falar dele. Eu e Flávio sempre conversávamos muito antes de entrar em cena, planejávamos nossas “brincadeiras” para a hora do gravando. “Eu te puxo pela blusa, aí você quase cai do salto”, essas coisas (risos). Ele foi importantíssimo para mim, a forma como ele conduzia com verdade e comprometimento todo seu trabalho. Du Moraes também foi uma grande amiga, era observadora de seu trabalho.

TV a Bordo -Você teve o privilégio de trabalhar com o saudoso diretor Jorge Fernando em ‘Êta Mundo Bom’. Quais são as melhores lembranças que guardou dele e o que tem levado para o seu aprendizado como atriz?
entrevista Juliane Araújo – A energia do Jorge era incomparável! Ele amava cada dia no set e isso é difícil de manter depois de tantos anos de trabalho, esse tesão em estar lá, em conduzir a orquestra. Acho o que aprendi isso com ele foi a alegria em fazer o que amo, por mais difícil que, às vezes, possa ser.
TV a Bordo – Vamos falar do isolamento? Como tem passado esses dias? Vem novidade, projetos por aí?
entrevista Juliane Araújo – Eu tenho o privilégio de estar em casa nesse processo todo, é importante que a gente entenda essa pandemia como uma oportunidade de repensar muitas coisas. Consumo, tempo, desigualdade, saúde física, saúde mental. O Covid-19 ligou o mundo inteiro, acontece que temos que entender que estamos permanentemente ligados, a ideia de coletivo, de sociedade é isso. Muitas pessoas acordaram para o trabalho social, muitas pessoas começaram a modificar seus hábitos alimentares para melhorar a imunidade. É essencial que a gente entenda que colapsos assim serão mais recorrentes se não passarmos a nos responsabilizar pelo planeta e é preciso que haja uma política ambiental melhor estruturada. Temos que falar sobre saúde mental sem preconceito, várias pessoas descobriram ser reféns de inúmeros transtornos a partir da reclusão. A pandemia levantou inúmeras pautas que precisamos ancorar dentro dos nossos ambientes de uma forma responsável. A poesia me ocupou o tempo. Comecei a criar a regularidade do trabalho, hábito da escrita. Em agosto lancei meu livro de poesias ‘Chão Vermelho’ e tenho alguns projetos que agora aguardam a melhora da pandemia.
TV a Bordo – Qual é a mensagem que você deixaria para as pessoas neste momento tão difícil de pandemia?
entrevista Juliane Araújo – Coragem para enfrentar o dia a dia com amor e fé. Que a gente possa usar esse processo pra descobrir novas formas de se colocar no mundo.
Agradecimento especial à Mariana Meireles